Calor intenso prejudica a produção de frutas em diversas regiões do país
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A seca e o calor intenso que atingiram o país nos primeiros meses do ano provocaram a perda na produtividade das frutas. A baixa umidade prejudicou os pés. Produtores de diversas regiões do país perderam boa parte da produção, o que ocasionou o aumento do preço dos produtos.
Maçã
O volume de maçãs da safra 2013/2014 deve ser menor que o verificado na temporada anterior. Até o início de fevereiro, a expectativa era de boa produção e qualidade. Porém, desde então, as macieiras têm sentido os efeitos do calor intenso no
Sul do País. De acordo com a Epagri, as frutas têm apresentado queimadura pelo sol, que tem como característica manchas marrom-escuras na casca e escurecidas na polpa. Segundo a entidade, essas maçãs não foram negociadas no mercado de mesa, mas sim com a indústria de processamento. Além disso, algumas maçãs também caíram do pé.
Para piorar o cenário, houve granizo nas regiões de Vacaria (RS) e São Joaquim (SC) na primeira quinzena de fevereiro, o que afetou os pomares, especialmente, na cidade gaúcha. Recentemente, o calor na região Sul foi um pouco amenizado, porém, a nova estimativa para a safra deste ano é de menor volume frente à passada. Além disso, produtores estão preocupados com a qualidade da fruta, pois as maçãs têm apresentado defeitos físicos e coloração mais amarelada, no caso da gala. Mesmo assim, com a baixa oferta, os preços podem ficar em bons patamares, principalmente para a pouca disponibilidade da fruta de Categoria 1.
Banana
Para março, há expectativa de pouco volume de banana no mercado, principalmente no norte de Santa Catarina. Com a maturação antecipada de muitos cachos, ocasionada pelo calor excessivo, boa parte da fruta já foi colhida em fevereiro. A expectativa de intensificação no corte dos cachos é apenas a partir de meados de março para nanica e,em maio, para a prata. Enquanto as atividades não ganham ritmo, os preços devem ser maiores na primeira parte de março, e produtores que tiverem banana para ofertar podem ter bons ganhos. Além disso, a previsão de retorno das chuvas em todas as praças neste mês pode contribuir para melhorias na qualidade.
Em fevereiro, as elevadas temperaturas e as chuvas escassas afetaram expressivamente a bananicultura nas principais regiões produtoras do país. No norte de Minas Gerais, a polpa das frutas “cozinhou” ainda no pé. No norte catarinense, a ausência de caminhões com climatização ocasionou perdas durante o transporte até as regiões consumidoras. Em todas as praças houve, também, aceleração do amadurecimento da banana, de modo que a fruta foi colhida com menor peso e calibre. Dessa forma, a disponibilidade foi um pouco elevada no norte de Santa Catarina, Vale do Ribeira (SP), norte de Minas Gerais e Bom Jesus da Lapa (BA). Com a concentração de oferta, houve queda nas cotações da nanica em fevereiro. Além disso, a expectativa de produtores é de redução da produtividade no primeiro trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2013. Para o bananal, o ideal é um clima quente, mas as temperaturas neste início de ano estiveram mais elevadas que o normal. Ademais, a falta de água prejudica o desenvolvimento da fruta.
Mamão
Fevereiro foi de calor intenso e baixa umidade nas principais regiões produtoras de mamão. Neste cenário, houve aceleração do amadurecimento de boa parte das frutas que estavam no pé, elevando a oferta e pressionando as cotações. Para março, porém, a disponibilidade de mamão pode se reduzir. Segundo produtores, pode haver um pequeno período de “pescoço” (entressafra devido às condições climáticas), tendo em vista que as frutas que seriam colhidas neste mês já oram disponibilizadas antecipadamente. Além disso, há o risco de ocorrer frutos carpelóides (com deformação), por conta do calor excessivo.
Com o clima desfavorável, houve mais perdas no Espírito Santo em fevereiro – os pés que ainda estavam encharcados por conta das enchentes de dezembro/2013 não se adaptaram à mudança brusca de cenário. As temperaturas elevadas também causaram abortamento de flores do mamoeiro no estado capixaba e nas regiões produtoras do sul da Bahia e norte de Minas Gerais. Como os frutos estão aptos para serem colhidos de três a cinco meses após a abertura das flores, pode ter novo período de “pescoço” de maio a julho.
Melão
A safra principal do Rio Grande do Norte/Ceará se encerra neste mês. A temporada iniciou em agosto/2013 com boa expectativa, mas pode ser finalizada pouco favorável. A falta de água para irrigação se agravou na região. Boa parte dos produtores enviou nos últimos meses a maior parte do melão de boa qualidade ao exterior, reduzindo a venda no mercado doméstico, onde os preços têm sido bastante atrativos. Em fevereiro, até choveu, mas ainda em volume insuficiente. Em Mossoró e Baraúna (RN), foram verificados 56 mm e 59,7 mm, respectivamente, de precipitação em fevereiro, enquanto a normal climatológica é cerca de 110 mm, segundo a Somar Meteorologia.
Em Aracati e Quixeré (CE), choveu em torno de 68,2 mm e 69 mm, respectivamente, com climatologia média de 130 mm no mês. Mesmo que ocorram precipitações mais volumosas até maio, como indicam as previsões, não serão suficientes para repor o necessário para que a área da região do Rio Grande do Norte/Ceará seja mantida na próxima safra principal, que tem colheita a partir de agosto. Os próximos meses serão cruciais, também, para o fechamento dos contratos de exportação da temporada 2014/2015.
Laranja
O clima seco em janeiro e fevereiro em São Paulo prejudicou a qualidade da laranja de mesa da safra 2013/2014, especialmente as frutas tardias. Dessa forma, os preços para as de melhor qualidade subiram no mercado in natura. Em fevereiro, o preço médio da laranja pera (temporã) foi de R$ 21,66 a caixa de 40,8 kg, na árvore, alta de 14% em relação à média de janeiro. A pera temporã tem sido preferida por compradores, principalmente neste período de estiagem, visto que são frutas fora de época e um pouco menos maduras.
As laranjas tardias, por sua vez, estão ficando murchas. Para março, a expectativa é de preços ainda firmes, visto que a oferta de tardias vai diminuir ainda mais e as precoces não estarão com grau de maturação ideal. Porém, conforme as laranjas hamlin e westin forem sendo colhidas – com maior volume apenas em abril – deve haver retração nos preços. Por outro lado, esse cenário pode ser amenizado conforme as indústrias forem realizando contratos, reduzindo a disponibilidade das frutas no mercado de mesa.
Uva
Os preços da uva devem continuar elevados no atacado em março, já que a oferta nacional tende a seguir controlada. Em fevereiro, tanto a itália quanto a niagara registraram valores altos na Ceagesp, cotadas, respectivamente, a R$ 4,92/kg e a R$ 4,39 /kg, 6% e 9% superiores às médias de janeiro. Os principais motivos para a alta foram a colheita em ritmo lento no Vale do São Francisco (BA/PE) e a finalização das atividades de uvas finas no Paraná e de niagara nas regiões paulistas de Campinas e de Porto Feliz.
A oferta nas principais regiões em colheita no momento, como a paulista de São Miguel Arcanjo, também esteve reduzida, cenário atípico para o período. Segundo produtores dessa região, houve redução de área e também queda de produtividade, devido ao inverno rigoroso no período de podas, seguido de clima seco durante a brotação.